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mumbles

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28 Fev, 2009

UM DIA...

A quantos imaginem – e garanto que os há! – que abrigar e tratar, num T1, de catorze animais de diferentes espécies e ter um blog com muito movimento, não dá trabalho, gostaria de sugerir que pensassem um pouco. Ou sentissem. A mim é-me indiferente.

Outros imaginarão que tratar de catorze animais e ter um blog – cinco, no meu caso – funciona como um somatório de tarefas. Nem pouco mais ou menos. Acreditar e pôr em prática os direitos dos animais gera um trabalho que cresce exponencialmente e não confere um único dia de interrupção, à boa maneira da tradição judaico-cristã.

Quem, sem máscaras, tenha optado por pôr em prática o mandamento de amar o próximo e entenda, como eu entendo, que “o próximo” é todo e qualquer ser vivo, terá de empenhar-se de corpo e alma. Não existem  “meias-tintas” numa causa, quando ela é levada a sério. Os limites daquilo em que eu acredito estão, exactamente, na minha resistência física.

É evidente – para mim é evidente… - que procuro gerir o meu tempo de forma mais ou menos racional e guardo comigo alguns resquícios de saudável egoísmo. Não mais do que isso.

Quem fizer esta opção estará a ter, como “materiais de construção”, forças que dispensam, pela sua tremenda grandeza, a grande e todo-poderosa razão. A Vida e o Amor.

Um dia talvez vos tente explicar que os animais interagem e criam dinâmicas que nem sempre são susceptíveis de uma fria racionalização.

Um dia…

 

Face à contestação, por que não sai o Japão da CBI? Porque isso o tornaria num pirata dos mares, respondem os especialistas contactados pelo PÚBLICO durante o encontro na FLAD. Mas a insistência de caçar ao abrigo de uma cláusula que todos sabem não passar de um escudo tem minado as relações na Comissão.
 
Os países mais não fazem do que contar espingardas. Entram na CBI membros que nada têm a ver com a caça às baleias só para alinhar com as posições opostas. Há países cujo voto foi comprado pelos japoneses, como admitiu o representante de uma destas nações na reunião da Pew em Lisboa.
 
Para tentar tirar a CBI deste coma, o relatório de Soto propõe algumas moedas de troca para dar aos japoneses uma saída airosa desta encruzilhada.
 
Assim, seria permitido ao Japão fazer caça costeira e propõe-se que seja dado um prazo de cinco anos, ao fim dos quais os baleeiros nipónicos se retirariam do oceano Antárctico. Esta última proposta tem várias opções, desde a retirada total até ao estabelecimento de uma quota "sustentável" de abate de baleias. Algo que os comissários terão de decidir na Madeira.
 
Mas a permissão de caça costeira encerra alguns perigos, como a abertura de um precedente que poderia ser seguido por outros países. "O que interessa é conseguir encontrar uma solução que faça com que a CBI volte a funcionar. Tornando-se uma instituição funcional - coisa que não é agora -, poderá assumir melhor as suas funções e regular melhor as actividades, com base em conhecimento científico", responde Peter Bridgewater, presidente da reunião da Pew.
 
Em contrapartida, os países defensores das baleias conseguiriam atingir um objectivo que perseguem há anos, sempre bloqueado pelos japoneses e seus apoiantes: criar um santuário para as espécies que passam pelo Atlântico Sul.
 
Os países baleeiros anunciam quantas baleias caçam por ano. Mas o número de mortes é muito superior e a discrepância não vem apenas de abates ilegais. O problema chama-se bycatch, isto é, a apanha involuntária de espécies nas artes de pesca. Segundo os especialistas reunidos em Lisboa, os números de cetáceos mortos por esta via tem vindo a aumentar. Na Coreia, entram o dobro de baleias no mercado do que é declarado . Desde que entraram em vigor novos regulamentos para verificar o bycatch, provou-se que é pelo menos quatro vezes superior ao declarado. Este é um dos problemas a que a Comissão das Baleias da Pew considera que a CBI tem de dar mais atenção. Assim como à elevada mortandade que os grandes navios que cruzam os oceanos causam nestes seres. Mas, para tal, o organismo tem de ter poder para actuar, algo que lhe falta neste momento.
 
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Restos da II Guerra?
 
"A opinião pública japonesa não é necessariamente a favor da caça, mas é antes profundamente contra aqueles que se opõem a ela", avança uma opinião, ouvida numa recente reunião em Lisboa sobre o futuro da CBI. E quem são aqueles que se opõem? "Os que os derrotaram na Grande Guerra, por isso é que é tudo tão complicado", adianta outro.
 
De facto, são os Estados Unidos - de uma forma até agora algo suave -, mas sobretudo o Reino Unido, a Austrália e a Nova Zelândia que mais têm batalhado para contrariar a prática japonesa.
 
No seio da CBI, criada há 60 anos, as posições têm-se extremado a tal ponto que as discussões já não sobem do nível do insulto. Daí muitos começarem a questionar-se sobre as possibilidades de sobrevivência deste organismo internacional. Mas, sem ele, o futuro dos grandes cetáceos poderá não ser brilhante.
 
Em Junho deste ano, na Madeira, a CBI chega a uma encruzilhada. Na reunião portuguesa discutir-se-á um relatório sobre os possíveis caminhos que a Comissão poderá trilhar. O momento é fulcral e um fracasso pode custar caro. Daí que, na reunião da Comissão para as Baleias da Fundação Pew - um grupo de influência com grande peso junto dos decisores políticos -, que decorreu na semana passada em Lisboa, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, se tenha insistido que, desta vez, os políticos têm mesmo de se envolver.
 
As discussões da CBI estão sobretudo nas mãos dos comissários. Alguns países levam ministros - sobretudo os mais empenhados -, mas muitos não se fazem representar ao mais alto nível. O que possibilita que, quando o assunto é mais polémico, os comissários se escudem na desculpa de terem de falar com os seus superiores para não tomarem logo uma posição.
 
O caminho em frente
 
A falta de resultados nas negociações da CBI, assim como o susto que alguns países apanharam depois de, há dois anos, os japoneses terem quase conseguido reunir votos suficientes para acabar com a moratória da caça comercial à baleia, em vigor há 22 anos, levou a que se reequacionasse a comissão.
 
Para o fazer, foi criado um "pequeno grupo de trabalho", liderado por Álvaro de Soto, um diplomata das Nações Unidas, que, no início do mês, apresentou o seu relatório sobre o futuro da CBI. A manutenção e o reforço do seu comité científico e o seu papel na regulação de actividades não lesivas, como a observação de baleias, são as questões pacíficas, que todos acarinharam.

Mas são os grandes pedregulhos que urge estilhaçar. E o maior de todos é a caça japonesa.

Note-se que há outros países baleeiros. Por ano, matam-se entre 2000 a 3000 baleias no muuma fuga legal num artigo da convenção que permite a caça para fins científicos.ndo, a maior parte devido à acção do Japão e da Noruega. A Islândia e pequenas comunidades indígenas na América do Norte caçam as restantes, ao abrigo da excepção que permite a caça autóctone de subsistência.
 
O caso da Noruega, embora seja criticado por muitos, é diferente do japonês, porque não assinou a moratória que bane a caça comercial às baleias. Ao contrário de Tóquio, que acabou por encontrar uma fuga legal num artigo da convenção que permite a caça para fins científicos.
 (continua)

 

A protecção destes animais que vigora há 22 anos pode estar em risco
Baleias à espera de fumo branco na reunião da Comissão Baleeira na Madeira
(Por Ana Fernandes. In “Público”, 22 de Fevereiro de 2009,
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1366241)
 
De científica, a caça japonesa à baleia nada tem. Ninguém tem dúvidas, mas esta desculpa é a única legal que resta ao Estado nipónico para continuar aquilo que alega ser uma tradição. Mas será? Em algumas comunidades costeiras, assim é. Mas, como nação, as raízes culturais da caça e consumo de carne de baleia remontam apenas até ao fim da Segunda Guerra Mundial, quando, perante a falta de alimentos, os americanos sugeriram aos japoneses que comessem carne de baleia, como também aconteceu no Reino Unido na mesma altura.
 
Hoje, esta prática persiste. Contra ventos e marés, sobretudo contra grande parte da opinião pública internacional. Porquê a teimosia? A explicação avançada pelos
especialistas envolvidos na Comissão Baleeira Internacional (CBI) é apenas uma: orgulho.

 

 

(continua)
 

 

Fevereiro 19, 2009 by José Saramago
Pudesse eu, e fecharia todos os zoológicos do mundo. Pudesse eu, e proibiria a utilização de animais nos espectáculos de circo. Não devo ser o único a pensar assim, mas arrisco o protesto, a indignação, a ira da maioria a quem encanta ver animais atrás de grades ou em espaços onde mal podem mover-se como lhes pede a sua natureza. Isto no que toca aos zoológicos. Mais deprimentes do que esses parques, só os espectáculos de circo que conseguem a proeza de tornar ridículos os patéticos cães vestidos de saias, as focas a bater palmas com as barbatanas, os cavalos empenachados, os macacos de bicicleta, os leões saltando arcos, as mulas treinadas para perseguir figurantes vestidos de preto, os elefantes mal equilibrados em esferas de metal móveis. Que é divertido, as crianças adoram, dizem os pais, os quais, para completa educação dos seus rebentos, deveriam levá-los também às sessões de treino (ou de tortura?) suportadas até à agonia pelos pobres animais, vítimas inermes da crueldade humana. Os pais também dizem que as visitas ao zoológico são altamente instrutivas. Talvez o tivessem sido no passado, e ainda assim duvido, mas hoje, graças aos inúmeros documentários sobre a vida animal que as televisões passam a toda a hora, se é educação que se pretende, ela aí está à espera.
Perguntar-se-á a que propósito vem isto, e eu respondo já. No zoológico de Barcelona há uma elefanta solitária que está morrendo de pena e das enfermidades, principalmente infecções intestinais, que mais cedo ou mais tarde atacam os animais privados de liberdade. A pena que sofre, não é difícil imaginar, é consequência da recente morte de uma outra elefanta que com a Susi (este é o nome que puseram à triste abandonada) partilhava num mais do que reduzido espaço. O chão que ela pisa é de cimento, o pior para as sensíveis patas deste animais que talvez ainda tenham na memória a macieza do solo das savanas africanas. Eu sei que o mundo tem problemas mais graves que estar agora a preocupar-se com o bem-estar de uma elefanta, mas a boa reputação de que goza Barcelona comporta obrigações, e esta, ainda que possa parecer um exagero meu, é uma delas. Cuidar de Susi, dar-lhe um fim de vida mais digno que ver-se acantonada num espaço reduzidíssimo e ter de pisar esse chão do inferno que para ela é o cimento. A quem devo apelar? À direcção do zoológico? À Câmara? À Generalitat?

 

SUSI

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P. S.: Deixo aqui uma fotografia. Tal como em Barcelona há grupos – obrigado - que têm pena de Susi, na Austrália também um ser humano se compadeceu de um marsupial vitimado pelos últimos incêndios. A fotografia não pode ser mais emocionante.

koala

 


Oeiras: esterilização de animais gratuita para carenciados
(In “Diário Digital”, 19 de Fevereiro de 2009,
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=374082)
 
A Câmara Municipal de Oeiras vai proceder à esterilização gratuita de animais domésticos, como canídeos ou felinos, pertencentes a munícipes que demonstrem não ter condições para pagar o custo da cirurgia.
 
Esta iniciativa, que dá prioridade aos idosos, visa evitar o fenómeno crescente do abandono de ninhadas na via pública, segundo o comunicado da CM de Oeiras.
 
Os munícipes que pretendem ser abrangidos pela medida devem provar que o animal lhes pertence apresentando o registo e licença na Junta de Freguesia da sua área de residência.
 
A iniciativa decorre no âmbito do Plano Estratégico para a Gestão dos Animais de Companhia (PROJAAO – Projecto de Apoio ao Animal de Oeiras), que se baseia no princípio de que a Autarquia deve contribuir para a construção e promoção de um cultura de responsabilidade na gestão dos animais.

 


 

Como nem tudo é mau e, apesar de tudo, há bons exemplos de instituições que não concebem financiar-se com o mal de uns (o sofrimento de touros e cavalos) para o bem de outros (as crianças que protegem), reconhecendo que fazer o bem e ser-se solidário e compassivo deve sempre ser um acto inteiramente digno e consistente que nunca desfavoreça uns para benefício de outros, a posição do prestigiado Refúgio Aboim Ascenção (http://www.refugio.pt/">http://www.refugio.pt/) relativamente a uma proposta semelhante em tudo contrastou – e muitíssimo bem – com a posição da Comunidade Vida e Paz e da “Ajuda de Berço”. Depois de ter sido noticiada também uma “tourada de beneficência” a favor do Refúgio Aboim Ascenção, a ANIMAL contactou, igualmente, esta instituição, tendo recebido a seguinte resposta – excelente, exemplar e inteiramente louvável – do seu Director Executivo, o psicólogo clínico Luís Villas-Boas:


O  Refúgio Aboim Ascensão proibiu qualquer corrida ou festival tauromáquico em seu favor. Fomos de facto contactados pela empresa “Afición” para o efeito, porém, informámos por escrito essa empresa de que estava proibida a utilização do nosso nome para tal finalidade. Demos igualmente conhecimento desta proibição à empresa proprietária da praça de touros e à Câmara Municipal da Moita.

 

 

Na mesma resposta, o Director-Executivo do Refúgio Aboim Ascensão acrescenta ainda que, se a proibição da associação do nome desta instituição a uma tourada for desrespeitada, esta instituição agirá “judicial e imediatamente”

 

 

 

 

Na próxima 2.ª feira, 16 de Fevereiro, o Presidente da ANIMAL é convidado do programa “Nós Por Cá”, que será emitido em directo entre as 19h e as 20h, na SIC, e no qual, em nome da ANIMAL, este terá a oportunidade de dar grande destaque público à importância de respeitar e proteger os direitos dos animais.

 

Imagem retirada da internet

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