Uma campanha da Comissão Europeia que tem tudo para ser boa, útil e inteiramente louvável está no centro da polémica e a ser alvo de justas críticas de diversas organizações europeias de protecção dos animais, às quais se junta agora a ANIMAL.
A campanha “Help – Por uma vida sem tabaco”, da autoria da Comissão Europeia, é uma campanha de âmbito comunitário que tem como objectivo informar os consumidores acerca dos riscos do consumo do tabaco e prestar informação, apoio e ajuda aos fumadores para que se possam libertar desse vício tão pernicioso para a saúde.
No entanto, infelizmente, um dos filmes publicitários desta campanha envolve o uso de um macaco (que, além de tudo o mais, surge acorrentado), o que tem estado a ser fortemente contestado por diversas organizações, entre as quais a International Primate Protection League, tendo também já despoletado uma pergunta à Comissão Europeia feita por um eurodeputado espanhol acerca deste profundamente infeliz e indigno filme publicitário. [Pode ver o filme em: http://pt-pt.help-eu.com/pages/astuces-tipsoff-pt2-17.html.]
O uso de animais em publicidade é considerado eticamente inaceitável por qualquer organização de defesa dos animais desde logo com base no princípio de que os animais não são adereços ou recursos publicitários dos quais nos possamos servir para promover o que quer que seja. Acrescem, contudo, a este princípio elementos de ordem prática que fazem com que o uso de animais em publicidade se revele especialmente censurável, nomeadamente o facto dos animais usados em publicidade terem sempre uma vida de confinamento, de treino intensivo e feito muitas vezes por meio de privações e, não raramente, através de violência, física e psicológica – especialmente no caso de animais selvagens.
No caso dos primatas em particular, a própria International Primatological Society (organismo científico internacional de estudo dos primatas) condena, pública e oficialmente, o uso de primatas em espectáculos, com fins promocionais, publicitários, fotográficos ou cinematográficos, tal como se pode ler em http://www.internationalprimatologicalsociety.org/OppositionToTheUseOfNonhumanPrimatesInTheMedia.cfm, justamente com base na maneira como essas formas de uso destes animais não só atentam contra a sua dignidade, como são também passíveis de envolverem manipulação cruel dos mesmos, riscos para a conservação das espécies a que pertencem, de promoverem uma mensagem profundamente deseducativa acerca dos (outros) primatas (porque nós, humanos, também somos primatas) e de como nos devemos relacionar com eles, salientando ainda os potenciais riscos, em termos de saúde pública, que um tal uso acarreta.