Bonnie
Clarinha
Esta é a história da Bonnie. Uma história que, por ser tão dramaticamente comum em Portugal, representa milhares e milhares de histórias semelhantes que rotineiramente acontecem neste país miserável para os animais. Uma história que se pode resumir num episódio definitivo que ditou se ela viveria ou morreria – um episódio ironicamente decorrido no passado dia 4 de Outubro, Dia Mundial do Animal, e que só teve um final feliz por causa da intervenção da ANIMAL.
A Bonnie pertencia a uma matilha de cães errantes e assilvestrados da zona de Monsanto. Cães magoados com os humanos, assustados, traídos por estes, escorraçados. Cães por isso fugidios e desconfiados, mas, afinal, desesperados também por poderem confiar em alguém que lhes chegasse o que comer e que lhes mostrasse de que outro modo a vida poderia ser.
No passado domingo, 4 de Outubro, um desses cães – uma menina – havia sofrido um acidente. Tinha sido atropelada e estava gravemente ferida numa perna traseira e numa dianteira. Andava a custo, dorida, sangrava das pernas, fugia, perdida, sem saber onde se deitar e tentando apenas suportar as dores que não estavam a passar, com os ferimentos já infectados. Em risco de perder a vida, não só as pernas. Casos como este são muitos, são mais que muitos, mas este foi identificado e foi um caso evidente de falta de autonomia de um animal que, gravemente ferido, morreria lentamente com uma infecção que estava a ganhar terreno, agonizando de dor, desconforto e desorientação, além de se ver com ainda mais diminuídas hipóteses de encontrar onde beber e o que comer. Felizmente, um dirigente da ANIMAL viu-a. Apesar das dores, dos ferimentos do medo e da desconfiança, não foi difícil apanhá-la e resgatá-la daquela situação. Foi levada de imediato para as urgências de um hospital veterinário, onde, além de uma avaliação geral e despiste de doenças infecto-contagiosas, esta pequena foi tratada, tendo iniciado tratamento com antibiótico e analgésico. Felizmente, não tinha nenhuma fractura e não precisou de ficar internada. Ficou sob os cuidados da ANIMAL e já está adoptada, iniciada numa nova, segura e feliz vida com um nome a marcar esta sua nova etapa – Bonnie.
Vinda do hospital, depois de ter estranhado um novo ambiente, um novo mundo composto de um mundo de coisas que, no mato e fugindo entre perigosas estradas, nunca havia visto ou experienciado, Bonnie, sentindo-se segura, descansou, finalmente. Bonnie dorme, agora, e tem dormido muito. Dorme descansada sem estar alerta, sem medo. Dorme confortável numa cama confortável numa casa confortável, quente, acolhedora, onde o que comer e onde beber são direitos sempre garantidos. Prossegue a terapêutica e, em poucos dias, está muito melhor e dá sinais disso. Aparentando ter cerca de seis anos de idade, revela-se extraordinariamente paciente para com o King, um cão muito jovem defensor da teoria de que a brincadeira não deve ter fim, que procura convencer Bonnie de que, entre outras coisas, vida de cão inclui muita brincadeira e tantas outras coisas boas que Bonnie está agora a descobrir. Há quatro meses atrás também King não sabia o que era estar seguro, poder brincar e ser feliz. Estava perdido numa área de serviço de uma auto-estrada com o pescoço rasgado, depois de ter sido vítima de lutas de cães, e com essa brutal ferida infectada e crivada de carraças, esperando deitado, perto da estrada, em risco iminente de ser atropelado, sentindo-se profundamente infeliz e cansado, por um final infeliz que parecia anunciado. Até que a ANIMAL o encontrou, resgatou e proporcionou-lhe a vida que todos os cães merecem e deveriam ter.
Ontem surgiu a Clarinha, uma cadela nitidamente usada na caça, abandonada pela caça, por um qualquer caçador, que foi cobardemente abandonada nas mãos da ANIMAL, do nada, deixada, assim, sem que tenha sequer sido possível perceber de onde veio e o que lhe aconteceu antes. O que é certo é que nada mais de errado lhe irá acontecer agora.
Apesar desta não ser a missão principal da ANIMAL – que é uma organização cuja função principal é, por meio de esforços de sensibilização, informação, educação, campanha social e pressão política, procurar fazer com que Portugal deixe de ser um país onde todas estas dramáticas histórias, que afectam cães, gatos, touros, vacas, tigres, leões, elefantes, macacos ou galinhas, deixem de acontecer –, a verdade é que a ANIMAL procura, sempre que pode e diante de casos urgentes que não encontrariam outra resposta, prestar assistência aos animais em risco que encontra ou para o socorro dos quais é chamada, quando a eles pode acorrer. Nos últimos meses, a ANIMAL tem recolhido vários animais que se juntaram ao grupo de animais felizes cujas vidas foram tocadas e salvas pela ANIMAL.
No entanto, o aumento da dimensão das necessidades colocadas pelo resgate, protecção e garantia da segurança destes animais, a par do restante trabalho da ANIMAL, combinados com a permanente falta de recursos de que padece para fazer o seu trabalho, fizeram com que, mais uma vez, a ANIMAL se encontre precisada da ajuda dos amigos dos animais que confiam no seu trabalho e o apoiam e que querem que ele seja continuado.
Por isso, pela Bonnie, pela Clarinha e por todas as Bonnies e Clarinhas que a ANIMAL tem, ao longo de 15 anos ajudado, directa e indirectamente, pelos animais que mantém sob a sua protecção e por todos os outros que continuam a precisar que a ANIMAL esteja na linha da frente do trabalho pelo desenvolvimento da protecção dos animais em Portugal, por favor faça hoje mesmo um donativo à ANIMAL – do valor que puder (todos os cêntimos contam) – por qualquer dos seguintes meios:
1 - Faça um donativo através de transferência bancária para a conta bancária da ANIMAL com o NIB: 003600939910003447469 (Montepio Geral);
2 - Faça um donativo através de cheque ou vale postal à ordem de “Associação ANIMAL”, enviando-o para: Associação ANIMAL, Apartado 24140 – 1251-997 Lisboa;
3 - Faça um donativo através da conta da ANIMAL no PayPal.com, para info@animal.org.pt.
Apelo via ANIMAL