01 Jun, 2008
SEM TÍTULO NO SER
Sou ventre da vil fúria dum vulcão,
Sou malga da muralha de ser forte,
Sou folha que esvoaça sem ter norte;
De fria cor enfeito o coração.
Cálice derramado pelo chão...
Sou lírio de mãos dadas com a morte,
Sou rosa que se queda em pouca sorte,
Sou manta de retalhos da ilusão.
Sou hortênsia de pranto e nostalgia...
Peça de fogo que arde noite e dia
E choro, choro até encher o mar.
De dentro do meu peito ondas e bruma
Naufragam numa tela uma a uma,
Num traço de mil cores a soluçar.
Rosa Silva ("Azoriana")